
O melhor seria
Dina Matos Ferreira | 21 Mai 2022
Está publicado em Portugal um dos ensaios
mais conhecidos, originais e controversos de Simone Weil, escrito em 1943,
último ano da sua vida: “Nota sobre a supressão geral dos partidos políticos”
(ed. Minerva, 2018; ed. Antígona, 2017).
A tradição filosófica e política
ocidental, de Sócrates em diante, elaborou a ideia de que não há nada
indiscutível; mas isso não pode significar que cada certeza seja eliminada,
deixando que à nossa vida faltem totalmente convicções e valores aos quais
permanecer fiéis.
Pessoalmente, não consigo afastar-me da
convicção de que naquele breve escrito Simone Weil teve muito mais razão do que
não, ainda que a sua tese não seja, quase nunca, nem aceite nem tomada em
consideração por politólogos, historiadores e comentadores políticos.
O equívoco consiste em acreditar que
abolir os partidos políticos equivaleria a suprimir a liberdade de pensamento,
de escolha e de alinhamento político; ou até, pior ainda, que sem partidos
políticos haveria apenas um totalitarismo do “partido único”. Por isso o ensaio
de Simone Weil não é sequer lido: é recusado pelo seu próprio título.
Se se discutissem, depois de as ter lido,
aquelas páginas, ver-se-ia que as suas considerações não são somente uma
consequência devida às horríveis e trágicas experiências dos anos 1920-1940,
quando os partidos bolchevista, fascista e nazista se mostraram instrumentos
muito eficazes na realização de regimes ditatoriais e totalitários.
As observações de Simone Weil têm uma
valia mais geral, dizendo sobretudo respeito à defesa da liberdade do
pensamento das pessoas, liberdade que o espírito de pertença política inibe e
reduz drasticamente.
Não podendo resumir todo o ensaio,
obra-prima de lucidez quer política quer moral e psicológica, isolo algumas
ideais essenciais.
Antes de tudo, os partidos são máquinas de
organização que usam a paixão coletiva, cultivam-na e multiplicam-na em chave
competitiva. Mas as paixões competitivas não coincidem com aquilo que mais
conta na política: verdade, justiça e bem público.
Os partidos são instrumentos que se
transformam abusivamente em fins em si próprios. O seu propósito é o
crescimento numérico e do poder. A sua linguagem-pensamento é a propaganda.
Para fazer parte dos partidos, é preciso
renunciar à autonomia da reflexão e do juízo. Se isto não acontece, a pessoa é
suspeita de traição. O partido é um ídolo que pede idolatria, e a sua lógica é
tipicamente bélica: vencer ou perder.
Alfonso
Berardinelli
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: Simone Weil | D.R.
Publicado em 30.07.2021
Dina Matos Ferreira | 21 Mai 2022
Emanuel do Carmo Oliveira
Vendo o que está a acontecer agora na Rússia, não posso estar mais grato a quem me deixou como herança esta Igreja liberta das garras da Política.
Aborto e valores europeus
Vamos lá sinodalizar?!
o PS mente, o governo rouba, o povo paga