
O melhor seria
Dina Matos Ferreira | 21 Mai 2022
«Deus não existe». Por incrível que pareça, esta é uma proposição do Salmo 53,2b. Assim, é possível que alguém diga que a Sagrada Escritura afirma a não existência de Deus. À primeira vista não estaria a mentir, pois basta abrir qualquer Bíblia para constatar que, de facto, a frase lá está. Mas também lá se encontra a sua introdução, que afirma: «Diz o ímpio no seu coração:» (Sl 53,2a). Mais do que uma mentira, seria uma manipulação desonesta e até perversa. Quando a uma frase se rouba o seu contexto, é muito fácil distorcê-la ao ponto de, inclusivamente, lhe dar o sentido contrário daquilo que pretende afirmar.
Vem isto a propósito da polémica
construída a partir de uma frase da Carta aos Efésios (capítulo 5), lida nas
missas do passado domingo. Também ela foi tirada do seu contexto, de modo a
fazer S. Paulo dizer exatamente o contrário do que, de facto, afirmou.
No tempo de Paulo, a mulher
contava muito pouco, a ponto de ser considerada uma propriedade que passava de
um dono (o pai) para outro (o marido). Ora, é a pessoas geradas nesta cultura
que o apóstolo escreve. E não o faz apenas a respeito da relação do
marido com a mulher (5, 22-33), mas também da relação de filhos e pais (6,1-4),
e dos senhores com os seus escravos e vice-versa (6,5-9). Paulo recorda
aos destinatários da sua carta que todos estes relacionamentos ganharam uma
nova e revolucionária dimensão à luz da fé em Cristo. O batismo rompe todos
estes estereótipos culturais e introduz o crente numa nova forma de viver, que
está resumida nas palavras do apóstolo que abriam, precisamente, a leitura do
passado domingo, que tanto brado deu: «Submetei-vos uns aos outros no temor a
Cristo» (5,21). A fé em Cristo constrói uma nova cultura: a do
amor – segundo o exemplo de Jesus – e não a do domínio e da subjugação do
outro. Subjugar-se e não subjugar: todos se devem submeter ao e no amor.
Mas Paulo é explícito: todos e não apenas alguns; na vida cristã e também na
matrimonial não há lugar para subjugadores! Por isso, depois de falar do submeter-se
no amor das mulheres em relação aos maridos, Paulo fala – e
que revolucionário é! – do submeter-se no amor dos
maridos em relação às mulheres: «Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo
amou a Igreja e se entregou por ela» (5,25). Ou seja,
entregando-se sem reservas ou egoísmos, submetendo-se ao seu bem e à sua
felicidade. Dando a vida por elas, como Cristo pela Igreja!
Que progressista foi Paulo – na
senda de Jesus – , ao afirmar uma tal coisa numa cultura em que os judeus mais
ortodoxos rezavam: «Obrigado, Senhor, por não me teres feito mulher». E por
isso, o apóstolo termina a fundamentação bíblica do que afirma, com uma frase
do livro dos Génesis que proclama a igualdade do marido e da mulher: «Por
isso, o homem deixará o pai e a mãe, unir-se-á à sua mulher e serão os dois uma
só carne» (5,31; cf. Gn 2,24). Ou seja, não há lugares para
duas personalidades que se impõem ou subjugam, mas para um único projeto de
vida, que, pelo amor recíproco, faz com que os dois se tornem um
só.
In ECCLESIA Ago 24, 2021 - 22:39
Dina Matos Ferreira | 21 Mai 2022
Emanuel do Carmo Oliveira
Vendo o que está a acontecer agora na Rússia, não posso estar mais grato a quem me deixou como herança esta Igreja liberta das garras da Política.
Aborto e valores europeus
Vamos lá sinodalizar?!
o PS mente, o governo rouba, o povo paga