
O melhor seria
Dina Matos Ferreira | 21 Mai 2022
No debate entre António Costa e Francisco
Rodrigues dos Santos, este disse a certa altura que é incompreensível que os
conteúdos da Educação para a Cidadania sejam objeto de uma disciplina
obrigatória – enquanto, por exemplo, os valores do cristianismo constituem (e
bem, segundo ele) matéria opcional.
Em resposta, António Costa começou por
dizer que não é crente, embora respeite os católicos, mas adiantou que estamos
perante coisas diferentes: a Educação para a Cidadania é uma educação para a
tolerância, para o respeito por opções diferentes, para uma sociedade
democrática – ao passo que o cristianismo é uma religião, na qual as pessoas
podem acreditar ou não.
Os valores da cidadania estão plasmados na
Constituição, a religião católica não está.
E depois, pergunto eu? Recorde-se que a
Constituição de 1976 falava de um país empenhado na «construção do socialismo».
Ora, seria aceitável que todas as crianças nessa época fossem educadas
obrigatoriamente para a construção de uma sociedade socialista? Deveriam desde
pequenas ser formatadas para o socialismo?
O ‘socialismo’ desapareceu da
Constituição, mas foi substituído pelo ‘politicamente correto’ –cujo
instrumento de divulgação é hoje a Educação para a Cidadania. António Costa
dizia a Rodrigues dos Santos que nesta disciplina se ensina «a tolerância, o
respeito pelas opiniões dos outros, pelas opções dos outros». Ora, não é assim.
O politicamente correto não é ideologicamente neutro – é uma doutrina que tende
a ser totalizante, que tende a substituir as outras e impor-se como única. E
que hoje constitui uma das grandes ameaças à liberdade. Em seu nome faz-se
censura a toda a hora. Nas redes sociais, os artigos ou os vídeos ‘heréticos’
são retirados.
Ora, assim sendo, será legítima a
existência de uma disciplina obrigatória que a propagandeia?
É claro que, como qualquer doutrina, o
politicamente correto deve ser estudado. O fascismo, o comunismo, a democracia,
a ditadura, os autoritarismos, os totalitarismos devem ser objeto de estudo. E
já agora o cristianismo, embora constitua um caso à parte.
E isto porque os seus valores estão na
base da construção da nossa civilização. Ao ensinarmos o cristianismo, estamos
a ensinar História – pois ele faz parte integrante da formação da cultura
europeia, da identidade europeia.
Mas se todas as ideologias devem ser
estudadas, cada coisa tem o seu tempo.
E isto é decisivo.
Torna-se evidente que, ao ensinarmos a
ideologia de género a uma criança, não estamos a ensinar-lhe nada – estamos a
doutriná-la. Porque a criança parte do princípio de que só lhe ensinamos ‘o
bem’.
Se lhe dissermos que uma menina pode ser
um menino, ela fica baralhada – mas acha que isso é a verdade. Não discute.
Mas será isto legítimo? Será legítimo
doutrinarem-se crianças numa certa ideologia? Uma ideologia, de resto,
negacionista, pois não há maior negacionismo do que negar-se a própria
natureza.
A natureza diz uma coisa mas a doutrina
diz outra – alegando que a ‘biologia’ e a ‘identidade de género’ são realidades
diferentes. Ou seja, que o facto de uma menina ser fisicamente uma menina não
quer dizer nada, pois o que interessa é a forma como se ‘sente’. A biologia não
interessa. A natureza não interessa. A realidade não interessa.
Com base numa subjetividade discutível, e
impossível de demonstrar, contradiz-se a realidade biológica.
É estranho como isto pode ser objeto do
currículo obrigatório.
Por mais voltas que se deem, a
obrigatoriedade da frequência da Educação para a Cidadania nas escolas é uma
aberração.
Para além do mais, as pessoas não têm que
ser ensinadas pelo Estado a ser ‘boas cidadãs’, até porque há várias formas de
o ser. O papel de educar os filhos para a vida em sociedade compete às
famílias. Sempre foram os regimes totalitários que quiseram sobrepor-se às
famílias na educação das crianças. Assim foi na Rússia comunista como na
Alemanha nazi. Em democracia, isso é inadmissível. A existência de uma
disciplina chamada Educação para a Cidadania já é muito discutível. Mas deixem
ao menos os pais decidirem livremente sobre se querem ou não que os filhos a
frequentem.
Será pedir muito?
José António Saraiva, In Nascer do Sol, 15.01.2022
Dina Matos Ferreira | 21 Mai 2022
Emanuel do Carmo Oliveira
Vendo o que está a acontecer agora na Rússia, não posso estar mais grato a quem me deixou como herança esta Igreja liberta das garras da Política.
Aborto e valores europeus
Vamos lá sinodalizar?!
o PS mente, o governo rouba, o povo paga