Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
Fiquei muito contente ao
saber que a ex-deputada do Partido Comunista Português, Rita Rato, foi
selecionada para o Museu do Aljube, em Lisboa. Porque é que eu fiquei contente?
Vão ter de ler até ao fim…
Sabem o que é o Museu do Aljube?
Talvez não saibam… como a maioria do país também não saiba… na internet, diz o
seguinte: «É um sítio musealizado e um museu histórico que pretende preencher
uma lacuna no tecido museológico português, projetando a valorização da memória
de luta contra a ditadura na construção de uma cidadania esclarecida e
responsável e assumindo a luta contra o silenciamento desculpabilizante e
muitas vezes cúmplice, do regime ditatorial que dirigiu o país entre 1926 e
1974».
Talvez poucas pessoas saibam
que ali ficaram os presos políticos durante a Primeira República, mas também
durante o período do Estado Novo. Aqueles que o Estado Novo encontrou como
resistentes e que minavam o regime em vigor – dentro os quais alguns comunistas
– iam para o Aljube. Mas não eram só comunistas… todos os antifascistas iam
parar ao Aljube. É verdade! O Aljube albergou essa gente que veio a gerar a
liberdade.
Porque é que eu fico
contente por ter uma ex-deputada do Partido Comunista Português como diretora
do Museu do Aljube? Porque talvez eu tenha possibilidade de vir a ser no futuro
diretor de um possível Museu do Limoeiro!
Sim! Eu sei! Não existe! Mas
um pouco mais acima fica o Centro de Estudos Judiciários – hoje conhecido, não
pelas melhores razões!
Esse atual Centro de Estudos
Judiciários – poucos sabem – já foi prisão. Ali funcionou a conhecida Cadeia do
Limoeiro ou também conhecida por prisão do Limoeiro.
Porque tenho essa pretensão
de um dia poder vir a ser nomeado diretor do futuro, ainda não existente, Museu
do Limoeiro? Porque ali funcionou a Prisão dos Padres presos na sequência da
bendita Primeira República.
Sim. Houve muitos padres
presos – apesar de pouca gente saber disso! A maioria deles estava presa nessa
prisão que acabei de relatar e que funciona no atualmente Centro de Estudos
Judiciários.
Nunca visitei esse espaço.
Nunca estive presente nesses corredores. Mas já li um livro onde um padre
relata a sua prisão nos baixos – que também não sei onde ficam – da Prisão do
Limoeiro.
Há, na Biblioteca da
Universidade Católica Portuguesa, um livro escrito por um padre que foi
perseguido pela Primeira República, por ter resistido ao sistema Republicano!
Vale a pena ler esse livro,
até porque nós, em Portugal, temos poucas informações sobre o que aconteceu à
Igreja e aos padres depois da Primeira República.
Foi uma cena incrível!
Iam atrás desse padre!
Procuravam-no e perseguiam-no.
Fizeram-no sofrer nas
masmorras escuras da Prisão do Limoeiro, tal como muitos dos meus irmãos padres
depois da Primeira República.
Fico contente que seja uma
mulher, comunista, a ser selecionada para diretora do Museu do Aljube, porque
isso me inspira confiança de que um dia venha a ser refeita toda a história da
perseguição aos padres durante a Primeira República.
Isto pode parecer ironia,
mas não é!
Na realidade, penso que cada
um tem de ter o espaço para contar as narrativas da sua história conforme achar
melhor.
Para contar as histórias do
Aljube, nada melhor do que uma ex-deputada do PCP. Daqui tenho a esperança que
um dia venham a meter um Católico à frente num futuro museu do Limoeiro ou,
quem sabe, num futuro museu ainda não feiro da Inquisição.
Pe. Edgar Clara, In SOL –
PRINCIPAL 18.07.2020
A felicidade aumenta a produtividade
Carmen Garcia
“As ruas e as praças de Lisboa não pertencem apenas aos sindicatos e não são propriedade da extrema-esquerda. Até os Católicos se podem manifestar, porque há separação entre a Igreja e o Estado.”
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