Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
1. De repente, começamos a descobrir que os nossos são tempos marcados por epidemias mil. São, com efeito, muitos os focos de contágio que perturbam a nossa saúde física e afectam toda a nossa sanidade pessoal.
2. É possível que esta palavra tenha sido usada pela primeira vez pelo famoso médico grego Hipócrates. Entre outros feitos, houve um episódio que contribuiu sobremaneira para a sua celebridade.
3. Durante uma peste que devastou Atenas, a epidemia extinguiu-se depois de Hipócrates ter ateado fogueiras por toda a cidade. Ele terá partido da observação de que as pessoas, perto do fogo, pareciam imunes ao contágio da doença. Foi, portanto, uma forma de ampliar a imunidade a toda a população.
4. Etimologicamente, «epidemia» é o que está «sobre» («epi») o «povo» («dêmos»). Refere-se à difusão de uma doença num determinado território. Quando, entretanto, essa doença se estende a vários países e continentes, costuma usar-se o vocábulo «pandemia», «pan» (todo)+«dêmos» (povo).
5. É o que estamos a viver, nesta hora. Sobre «todo o povo» paira a ameaça do novo coronavírus, que aliás já muitas vidas devorou. Mas esta pandemia não é a única. Ela emparceira com outras «pandemias» que contaminam pessoas e instituições.
6. Os «focos de contágio» são infindáveis, disseminados a uma velocidade atordoante. Deste modo, somos permanentemente confrontados com a «pandemia do egocentrismo», com a «pandemia da agitação», com a «pandemia da sonolência».
7. Esta última é particularmente danosa, porque armada de subtilezas e ardis. Ela leva-nos a presumir que vemos tudo quando, na verdade, não estamos a ver o essencial. Com a parafernália de imagens e ocorrências que desfilam à nossa frente, habituamo-nos a «passar os olhos». Será isso o mesmo que ver? Não era por acaso que Antoine de Saint-Exupéry garantia que «o essencial é invisível aos olhos» e que «só se vê bem com o coração».
8. No mesmo registo, o Papa Bento XVI defendia que o programa do cristão «é o coração que vê». É por dentro que temos de começar a ver, a despertar. Pois é por dentro que costumamos andar muito sonolentos. Foi o que aconteceu, de resto, aos homens do dono do campo onde o proprietário colocou a «boa semente» (Mt 13, 24). Alguém introduziu a má semente no meio da boa semente enquanto aqueles «homens dormiam» (Mt 13, 25).
9. Esta alusão é um significante com um poderoso significado. Não está aqui em causa a fadiga ou o repouso, mas a insensibilidade, o desleixo e o excesso de autoconfiança.
10. Também por nós pode passar a presunção de que temos as soluções, as vias de resolução e o conhecimento de tudo. É a sonolência feita arrogância. Há que acordar e escutar a voz do Espírito. É Ele que conduz a Igreja para a salvação da humanidade!
João António Pinheiro Teixeira, In DM 28.07.2020
A felicidade aumenta a produtividade
Carmen Garcia
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