Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
«Deixai as crianças vir a mim, não as impeçais, pois
dos que são como elas é o Reino de Deus.»
Lc 18.16
Foi numa das minhas últimas visitas pastorais às
comunidades ribeirinhas da Paróquia da Missão, na Amazónia brasileira.
Preparava-me eu para fazer uma reunião com pais e
padrinhos a fim de preparar a celebração do batismo que teria lugar no dia
seguinte, quando uma linda criança de apenas quatro anos e meio veio ter comigo
e perguntou: - Padre, tu amanhã pode baptizar-me?
- Como? – perguntei eu e ela repetiu a pergunta. Então
perguntei: - tu queres mesmo ser baptizada?
Com um belo sorriso, ela respondeu: - Eu quero!
No dia seguinte, a Rhianna foi baptizada juntamente
com mais duas crianças.
Na verdade, o caso dela estava em questão pelo
catequistas da comunidade, pois os pais não são casados e, em princípio, quando
assim é, a norma dentro da paróquia é deixar a criança chegar à idade da
catequese e, quando já se tem a certeza que ela vai mesmo ter uma educação
religiosa e entender o significado do baptismo, então já o sacramento do
baptismo não vai ser meramente uma tradição de deitar água por cima da cabeça e
tudo fica por aí. Infelizmente, é isso que acontece com frequência, não só na
Amazónia, mas um pouco por este mundo fora. Se os pais não valorizam o
sacramento do matrimónio, podemos perguntar-nos porque valorizam o baptismo e o
matrimónio não. Se, ainda por cima, depois também não têm uma prática religiosa
regular e nem se preocupam com a educação religiosa dos filhos, então há que
questionar o interesse em baptizar os filhos.
É claro que não se trata de negar o baptismo a uma
criança, mas sim de fazer um trabalho pastoral que ajude os pais e as próprias
crianças a olhar o sacramento do baptismo não como uma mera tradição para umas
belas fotos e uma bela festa, mas sim como o início de uma vida que valoriza o
espiritual e também a participação na vida da comunidade eclesial, já que
ninguém é cristão sozinho.
Dentro deste princípio, mesmo se os pais não têm uma
prática religiosa regular, mas os filhos já são capazes de dizer pela própria
boca “sim, eu quero ser baptizado”, então o baptismo já tem um outro valor e já
há alguma garantia de que ele vai ter uma sequência. Foi o caso desta criança.
É evidente que eu não deixei de falar também com os pais sobre o assunto, já
que a reunião de pais era exatamente para isso e não só para preencher papéis.
É verdade que, no tipo de sociedade em que vivemos, se
torna cada vez mais difícil interessar as famílias e as próprias crianças pela
formação e mesmo pela prática religiosa. Nem sei se aqui em Portugal uma
criança de quatro anos e meio colocaria de lado o seu smartphone para olhar
para mim e me fazer uma pergunta, como fez a Rhiana. Neste aspecto, talvez
porque lá nas comunidades do interior da Amazónia ainda não há essa invasão das
redes sociais e a dependência das novas tecnologias, ainda se consegue um relacionamento
social mais natural e espontâneo, mesmo da parte das crianças, como foi o caso.
Claro que isso não deixa de ser cada vez mais um
grande desafio pastoral para esta nossa Igreja que, em boa parte, cristalizou a
sua acção em liturgias frias e conservadoras.
Isto me faz pensar também que, se fosse hoje, talvez a
repreensão que os discípulos de Jesus receberam, por estarem a impedir as
crianças de se aproximarem dele, fosse de um outro género. Ou seja, talvez
Jesus os repreendesse por não fazerem nada para interessar as crianças em se
aproximarem dele e ouvirem a sua catequese.
Fica a reflexão e o desafio.
P. Firmino Cachada, In Ação Missionário, Outubro 2020
A felicidade aumenta a produtividade
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