Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
A Mariela vem ao meu encontro com um grito de alegria, e mostra-me o vídeo
gravado com o telemóvel: «É belíssimo! É belíssimo!». E é mesmo: aquele bebé de
poucas horas que se agita no seu bercinho é autenticamente uma minúscula e
extraordinária criatura humana. Um verdadeiro espetáculo, uma joia
preciosíssima, uma obra de arte, Daniel. Conseguimos, mais uma vez a vida
venceu. E queremos celebrar. Não a nossa bravura – só queremos retribuir o
tesouro que recebemos como dom – mas a força da vida. O Daniel nasceu.
Correu o risco mais horrível que um ser humano pode correr: ser arrancado
da sua concha, contra a sua vontade. Não aconteceu, graças a Deus. Os factos
são estes. Joana, a mãe, estava para render-se, entre a indiferença de alguns e
os conselhos de outros, para que se valesse das leis vigentes.
Depois um encontro com Mariela, mulher doce e forte. Mariela faz parte do
nosso grupo que se compromete no campo da vida nascente. Uma missão bela,
árdua, exigente. Não poucas vezes estas pessoas são ofendidas, maltratadas,
acusadas de querer fazer andar para trás o relógio da História. Outras vezes
são acusadas de serem beatas, inoportunas. Outras vezes são acolhidas como
anjos enviados por Deus. Um encontro feito de coração a coração, o de Mariela e
a mãe de Daniel. Compreensão, diálogo, empatia, promessas de ajuda concretas.
O convite a acreditar que a alegria que toda a mãe experimenta quando
aperta no peito a sua criança supera todos os sofrimentos padecidos. Foi sempre
assim. Nunca vi uma mulher que, determinada a abortar, e tendo sido ajudada a
mudar de ideia, se tenha arrependido da escolha. Infelizmente, tenho sempre
constatado o quanto as feridas de um aborto procurado são difíceis de curar,
mesmo à distância de décadas. Conheço mulheres que contam os anos de uma
criança não nascida como se estivesse viva e tivesse de apagar as velas. Com
uma tristeza imensa, naturalmente.
Expulsemos
a tristeza. Hoje temos de festejar. O Daniel está vivo porque os nossos
voluntários ousaram encontrar, encorajar, ajudar a sua mãe, e permaneceram ao
seu lado
O Daniel conseguiu, e agora a sua mãe, que estava para o deixar, está
felicíssima. Daniel está vivo. Vivo. Venceu a batalha mais perigosa, silenciosa
e hipócrita que se combate na Terra. Chegou mão na mão com este novo ano, que
acolhemos com tantas esperanças e outros tantos medos. A Joana não para de
agradecer o bom Deus que a impediu de fazer o que estava para fazer, e aqueles
de quem o bom Deus se serviu. A sua alegria, simples, crepitante, verdadeira,
não tem nada a ver com os gritos de satisfação que na Argentina foram dados por
pessoas felizes por ver legalizada a eliminação da criança no ventre materno
até à 14.ª semana. Não há comparação.
Aqui há uma pessoa humana que mana vida, juventude, beleza, esperança por
todos os poros, lá há desolação e morte. Hoje, entre pessoas educadas, não se
fala de aborto, se não para reiterar que é um direito adquirido que não deve
ser, de modo algum, colocado em discussão. E incrível a hipocrisia que
acompanha este ato, que todos são concordes em definir como um drama. E
precisamente porque é um drama que, além da criança, se abate sobre a mãe que
não o foi e sobre toda a sociedade, que seria preciso fazer tudo para o
impedir.
Pelo contrário, os fautores da tolerância, prontos a citar as famosas
palavras “não estou de acordo contigo, mas farei tudo para que o possas
exprimir”, tornam-se intolerantes. Mal se acena um discurso sobre os direitos
da mulher grávida e da criança a nascer, logo alguém avança com o caso piedoso
da menor de idade que engravidou por causa de uma violação. Esquecendo – ou fingindo
esquecer – que anualmente as crianças abortadas no mundo são mais que cinquenta
milhões.
Esquecendo – ou fingindo esquecer – os interesses enormes que estão por
trás da fábrica dos abortos. Mas expulsemos a tristeza. Hoje temos de festejar.
O Daniel está vivo porque os nossos voluntários ousaram encontrar, encorajar,
ajudar a sua mãe, e permaneceram ao seu lado. Vi e voltei a ver o vídeo, e de
cada vez sussurrei para mim próprio: «Estou convicto de que dia serás tu,
Daniel, a abrir-me as portas do Paraíso». Bom ano a todos, da minha parte e do
pequeno Daniel.
Maurizio Patriciello
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: ANSA
Publicado em 15.01.2021
A felicidade aumenta a produtividade
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