
CATEQUESE NO PRÓXIMO ANO
Programação
Hoje, 22 de Outubro de 2021, Solenidade de São Martinho de Dume, o Arcebispo
Primaz publicou a “Carta aos Católicos
de Braga”, um documento que surge no âmbito da caminhada sinodal.
“Ao entrarmos na caminhada sinodal, pareceu-me que
poderia ter interesse partilhar algumas ideias sem intenções previamente
estabelecidas. Não pretendo fazer um exame de consciência sobre o caminho
percorrido pela Arquidiocese de Braga nos últimos anos, nem muito menos
lançar-me em questões que possam estabelecer um processo pastoral para o
futuro. Para ouvir o que o Espírito quer dizer à Igreja neste momento
histórico, senti que era importante elencar um conjunto de ideias, já assumidas
pela teologia, e que poderão acompanhar a reflexão a fazer a diversos níveis”,
começa por explicar.
O Arcebispo lembra que o Sínodo “terá que ser uma
aventura” de “partilha reflectida” e espera que os seus “apontamentos” possam
ajudar quem vive o Sínodo sobre a Sinodalidade.
“Se algumas destas ideias gerarem intuições que ajudem a
compreender o ser e o fazer da Igreja como Sinodalidade vivida na Comunhão,
Participação e Missão, darei graças a Deus e retribuirei a todos quantos me
foram ajudando a entender melhor a Igreja do Concílio Vaticano II”, explica.
D. Jorge Ortiga refere “dois momentos cruciais e
marcantes na história recente da Igreja Universal e Diocesana” para explicar a
Arquidiocese de Braga tal como existe hoje: o Concílio Vaticano II (1962-1965)
e o Sínodo Bracarense (1994-1997).
“Gostaria que soubésseis o empenho laical que este Sínodo
implicou. A lenta, mas profunda, escuta dos leigos de toda a Arquidiocese de
Braga, permitiu pensar uma Igreja não apenas a partir dos intelectuais em
pastoral, mas também a partir da vivência concreta dos fiéis”, recorda.
A partir destas duas experiências, o prelado adianta
cinco “tendências” que a Arquidiocese tentou cultivar ao longo destes últimos
22 anos, começando por referir-se a “uma Igreja menos clerical e mais laical”.
“Fomos construindo uma Igreja que não caísse no erro de,
em nome dos leigos, dispensasse os seus presbíteros, ou que em nome dos
presbíteros ofuscasse o papel dos leigos, mas uma Igreja que potencia os dons e
carismas destas duas formas sacerdotais: sacerdócio comum e ministerial”,
afirma.
O modelo seguinte é o de “uma Igreja menos territorial e
mais comunidade”, que não fosse concebida como “uma sociedade fechada, mas como
uma autêntica comunidade”, na qual “a mulher assumirá progressivamente um papel
mais central e decisivo na vida da Igreja”.
“Acredito que no nosso tempo e no futuro,
concretizar-se-ão cada vez mais novas formas de organizar a Igreja local,
compreendendo a paróquia além da sua dimensão territorial, tal como as Unidades
Paroquiais e um Colégio de Paróquias com as novas paróquias em função do seu
exercício pastoral (escolas, hospitais, emigrantes…). Uma Igreja em que haverá
uma maior aproximação da diocese às paróquias, e das paróquias à diocese, num
trabalho com a diocese e não à margem da diocese”, explica.
D. Jorge Ortiga fala também de “uma Igreja menos pastoral
e mais espiritual”, com a necessidade de recuperação da espiritualidade “de
base”.
“Acredito que no nosso tempo e no futuro se recuperará
mais a centralidade da Eucaristia: uma nova vivência deste sacramento,
recuperando a espiritualidade eucarística nas suas diversas formas da piedade
popular. Porque podemos dar o que temos, só levando Jesus bem enraizado dentro
de nós O poderemos comunicar aos outros”, adianta.
O Arcebispo refere ainda uma “Igreja menos burocrática e
mais caritativa”, já que a burocracia, apesar de necessária, é um elemento
“secundário”.
“Acredito que, no nosso tempo e no futuro, a caridade,
nas suas múltiplas formas, será o maior código de barras no meio da trama
humana. A necessária relação entre a fé e as obras, em que ambas se implicam
mutuamente (Mt 25, 31-46; Tg 2,14-26), permitirá que, por causa da acção, o
nosso discurso (teológico) ganhe espaço e autoridade no meio de tantos
discursos sociais: pois a fé (interior) orienta o sentido das obras (exterior),
e as obras atestam a autenticidade da fé”, explica.
Por fim, o prelado aponta “uma Igreja menos focada na
imposição e mais na convicção”, naquele que será provavelmente o maior desafio
da Igreja milenar de Braga: aceitar uma nova forma de cristianismo, onde o
cristão o é por convicção e não por tradição.
“Ao longo destes anos, fomos tomando consciência que a
Igreja deverá saber interpretar um novo princípio da evangelização: mais do que
impor a nossa fé à sociedade, queremos contagiar a sociedade com a nossa fé.
Daí que no, nosso tempo e no futuro, acredito que ter-se-á obrigatoriamente de
dialogar e incorporar os novos destinatários da evangelização: os não-crentes e
os crentes de outras profissões religiosas, exigindo-nos uma grande capacidade
ecuménica, inter-religiosa e cultural”, afirma.
O Arcebispo Primaz termina a carta com a sugestão da
criação de um novo verbo, “unidar”, a partir de um substantivo que lhe é “muito
caro”: unidade.
“Porque a unidade nem significa “unir” (simples juntar de
elementos diversos), nem “unificar” (pegar em elementos diferentes para se
construir uma única forma), mas é precisamente um aproximar de elementos
diversos entre si e a procura de um elemento comum que os una sem renunciar à
sua identidade particular. Em suma, “unidar” é mais que a simples união ou
conformidade: é um congregar as diferenças para se construir a comunhão. A
comunhã procede da unidade, e não o contrário”, conclui, pedindo aos católicos
que partam da “da unidade para experimentar unidade entre todos, para que o
mundo possa ver o amor Uno e Trino de Deus”.
Programação
2 de Julho de 2022
UM APELO
4 de Junho de 2022
16 de Junho de 2022
De 18.12.2021 a 4.05.2022