
PARTIRAM PARA A CASA DO PAI
No ano de 2022 foram registados na Paróquia 50 óbitos. Aqui os deixamos para memória futura e para que estes irmãos sejam sufragados pelas nossas orações.
1. Se o Advento é Deus que vem encher o nosso tempo de
“Bom-Dia”, e provocar-nos a responder e fazer assim também, o Natal é Deus que
vem nascer em Belém e no nosso coração também. Não se trata, pois, de um Deus
que vive apenas para si mesmo, que pensa apenas em si mesmo, que se ama apenas
a si mesmo, que não é afetado por nada do que é nosso, permanecendo, por isso,
instalado no seu mundo dourado, alheado da nossa situação. Não, o Deus do
Advento e do Natal é um Deus em missão, que desce ao nosso chão, nos toma pela
mão e se faz nosso irmão.
2. Que Luz é esta que arde em Belém? A
Luz do Natal não é a luz natural, do sol e da lua (Isaías 60,19; Apocalipse
21,23); é a Luz pessoal, primeira e verdadeira, que vem a este mundo (João 1,9;
8,12), e alumia, alumia, alumia, irradia, irradia, irradia, Luz sem noite e sem
dia (Zacarias 14,7), de Alto-a-baixo erguida, como um manto de orvalho caída,
como uma ermida, uma jazida de Luz e de Jesus. Eis o Natal de Jesus em Belém. O
que fostes ver, pastores, o que fostes ver a Belém? Fomos ver Jesus, fomos ver
a Luz Gerada e o seu Gerador. Oh que Luz grande, que Lume novo, que Amor
imenso, que centelhas de fogo vimos saltar daquela Chama sempre acesa (Cântico
dos Cânticos 8,6), que chama e ama, e converte em relhas de arado cada arma
(Isaías 2,4; Miqueias 4,3). Vimos ainda que aquela Lareira não se confina em
Belém, mas se estende pela Terra inteira, e alumia e acende cada humano coração
de Paz e Bem. A Luz e o Lume e o volume do Amor novo dessa Central Luminosa e
Térmica expandem-se por invisíveis fios de altíssima e finíssima tensão que é
urgente levar de artéria em artéria, de mão em mão, de coração a coração.
3. «Um menino nasceu para nós, um filho
nos foi dado» (Isaías 9,5). Oh Emanuel, oh Deus connosco, no meio de nós! Esta
Luz nova não a quis ver Acaz, teve medo dela, não a viu Herodes, não a viram os
guardas, não a viram os sábios, que arrastavam os olhos por velhos alfarrábios
(Mateus 2,3-6). Viram-na os pastores, viram-na os magos, pegaram nela à mão,
levaram-na aos lábios, deitaram-na no coração.
4. Havia lá uma sala, em grego katályma, onde se
acomodavam os hóspedes que estavam de passagem (Lucas 2,7). Mas não havia nessa
sala lugar para os pobres que Deus conduzia do país da meia-noite, entre eles
José e Maria, que estava grávida e quase a dar à luz (cf. Jeremias 31,8). Foi
por isso que Jesus, a Luz, vai nascer no estábulo ali ao lado, que os animais
gratuitamente acederam partilhar com Ele. Ali mesmo é acariciado, bafejado de
ternura, carinhosamente enfaixado e deposto na manjedoura (Lucas 2,12). Isaías
1,3 antecipou a cena e gravou, com o fulgor da sua pena, o manso boi e o
pacífico jumento comendo as flores de açucena da vara de José sentado ao Lume e
bafejando depois suavemente o Menino de perfume. Enquanto os meigos animais vão
comer à mão do dono, o meu povo, diz Deus, não me conhece e perde-se nos
buracos de ozono. Se o jumento corou e o boi se ajoelhou, não deixemos nós de
orar também. Contemplemos longamente o Presépio. Mas contemplemos já também a
Cruz de Jesus. E voltemos a olhar para aquela sala adormecida e esterilizada,
onde não há lugar nem para eles nem para nós (Lucas 2,7), mas olhemos já
também, em contraluz, para aquela sala grande da Ceia da Páscoa, onde há sempre
lugar para eles e para nós (Lucas 22,11). Passemos também o nosso olhar
contemplativo por aquele Menino bafejado de carinho, cuidadosamente enfaixado e
deposto na manjedoura. Mas não deixemos de ver também já e ao mesmo tempo Jesus
descido da Cruz, também carinhosamente enfaixado (cf. João 19,40),
excessivamente perfumado (cf. João 19,39) e deposto no sepulcro (cf. João
19,41). Tanta Páscoa no Natal. Tanto Natal na Páscoa. Mistério condensado de
Luz e de Jesus.
5. Uma tal inundação de Luz e de Jesus,
uma Chama assim, reclama a nossa atenção e o nosso Sim. Vendo bem, com toda a
atenção, verificamos que só os pobres, com o olhar limpo e o coração puro,
entram verdadeiramente neste quadro sublime do Natal de Jesus. Estão lá já
Maria, José, o Menino, os animais e os pastores. Consideremos outra vez os
pastores! Eram os últimos da sociedade, descartados e desprezados, não
praticantes de nenhuma religião oficial. Todavia, para espanto nosso, são eles
que recebem do céu o Sinal (Lucas 2,12), que Acaz não quis ver (cf. Isaías
7,12), e rejubilam, correm, rezam, cantam e entram no quadro daquele estábulo,
no retábulo daquele Natal de Jesus. Têm direito a treze versículos na narrativa
do Evangelho de Lucas! Em contraponto, os senhores do mundo – César Augusto,
imperador romano, e Pôncio Quirino, prefeito romano da Síria –, não entram
sequer no quadro, ficam petrificados no caixilho, no caixilho
histórico-geográfico, e são despachados com um único versículo cada um!
Despachados. Sim, porque o Deus do Natal dispersa os soberbos, depõe os
poderosos, despede os ricos, mas acolhe os pobres, exalta os humildes, sacia os
famintos (cf. Lucas 1,51-53), com o pão do céu que manifesta a doçura,
literalmente a glicose de Deus pelos seus filhos queridos (cf. Sabedoria
16,21).
6. Perante tão intensa página de
beleza, que Deus sonhou e escreveu no Presépio de Belém, e escreve e sonha Hoje
aqui também, compete-nos “sonhar para a frente”, um sonho diurno, proativo, que
traz à tona ideias ou ideais que não pedem tanto interpretação, mas sobretudo
elaboração! Fica então aberto o laboratório do Natal. O laboratório das
vacinas, mas sobretudo o laboratório da nossa vida, do Amor, da Paz e da
Alegria, pois é necessário produzir esperança e encanto neste tempo de pandemia
e de tristeza, de indiferença e de aspereza, com datas, mas sem estações, com
meios, mas sem canções. É necessário embalar as crianças e os velhinhos, os que
trabalham, os que sofrem e os que morrem. Há tanta gente ao abandono. Mas este
é o tempo de contemplar o Presépio, de viver com alegria a estação do Natal e de
acolher a surpresa de Deus, que em missão nos visita com a riqueza da pobreza
(2 Coríntios 8,9). Vem, Senhor Jesus! O mundo precisa tanto da tua Luz!
Lisboa, 15 de dezembro de 2020
No ano de 2022 foram registados na Paróquia 50 óbitos. Aqui os deixamos para memória futura e para que estes irmãos sejam sufragados pelas nossas orações.
24 HORAS DE ADORAÇÃO
AGENDADOS NA PARÓQUIA PARA 2023
CONVITE
Ao longo do ano de 2022
É altura de acordarmos.