Pe. João António Pinheiro Teixeira

A felicidade aumenta a produtividade

1. Somos infelizes quando não conseguimos trabalho. E não nos sentimos felizes em muitos dos nossos traba­lhos. Não se trata apenas do factor salário, embora a sua repercussão seja determinante. De facto, com vencimen­tos muito baixos e custo de vida muito alto não dá para prosperar. Mal dá para sobreviver. E – como avisou Edgar Morin – «sobreviver não é viver».

2. Está a crescer o número de pessoas que tem de optar entre a habitação e a alimentação. Daí o aumento de fa­mílias acanhadas dentro de uma tenda. A saúde, incluin­do a mental, não deixa de ser seriamente afectada.

3. Compreende-se que as empresas visem o lucro. Até para o poderem converter – pelo menos parcialmente – na justa remuneração de quem labora. Acontece que, quando – entre os ganhos das empresas e os salários dos trabalhadores – a discrepância é abissal, a relação está in­vertida.

4. A dignidade do ser humano tem de ser sempre a prio­ridade. E não se esqueça que nenhuma organização sub­siste sem o esforço e a dedicação de quem trabalha. Tam­bém aqui, o princípio da empatia – a defesa dos outros – tem de ser aplicado.

5. Só que, além dos salários, há outros elementos a não negligenciar. A produtividade aumenta também com o reconhecimento, a satisfação, o estímulo, o bem-estar.

6. Neste sentido, a liderança não há-de ser exercida ape­nas no gabinete. A liderança tem de estar junto de quem trabalha. Importa procurar saber como está a saúde de cada colaborador e quais as suas necessidades mais prementes.

7. É fundamental oferecer condições que favoreçam a interacção entre todos, evitando tensões e eliminando – cerce – possíveis conflitos. Quando alguém não está feliz na vida profissional, o rendimento é – inevitavelmente – menor. Como alerta Tiago Franco (da «Engaging Con­sulting»), «a felicidade está directamente ligada à pro­dutividade». O acréscimo pode chegar aos 50%. A recei­ta não é uniforme. Por isso, tem de ser ajustada a cada pessoa.

8. Fundamental é conquistar a confiança. Pequenos ges­tos podem alcançar grandes resultados. Exemplo? Rece­ber os funcionários quando chegam, cumprimentan­do-os; ligar não só para agendar serviços, mas também para perguntar como está a decorrer o dia.

9. Toca muito igualmente celebrar os aniversários dos trabalhadores e até conceder dispensa para que eles possam conviver com a família nas datas mais signifi­cativas. Outros incentivos podem passar pela oferta de seguros de saúde e prémios de produtividade. Decisivo é não implementar relações dialécticas e de confronto.

10. Mesmo que nem sempre haja acordo, o líder deve ser visto como membro da equipa, com quem todos po­dem contar. É que, se ele aparece apenas como quem manda, o medo de falhar dispara. E quem perde são todos. Nada, pois, como promover a felicidade para refor­çar a produtividade!”.

(João António Pinheiro Teixeira, in Diário do Minho, 10-10.2023).

Publicado em 2023-10-22

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