
Pelo sinal da santa cruz - Tanto faz não é resposta
Carmen Garcia
1. Somos infelizes quando não conseguimos trabalho. E não nos sentimos felizes em muitos dos nossos trabalhos. Não se trata apenas do factor salário, embora a sua repercussão seja determinante. De facto, com vencimentos muito baixos e custo de vida muito alto não dá para prosperar. Mal dá para sobreviver. E – como avisou Edgar Morin – «sobreviver não é viver».
2. Está a crescer o
número de pessoas que tem de optar entre a habitação e a alimentação. Daí o
aumento de famílias acanhadas dentro de uma tenda. A saúde, incluindo a
mental, não deixa de ser seriamente afectada.
3. Compreende-se que
as empresas visem o lucro. Até para o poderem converter – pelo menos
parcialmente – na justa remuneração de quem labora. Acontece que, quando –
entre os ganhos das empresas e os salários dos trabalhadores – a discrepância é
abissal, a relação está invertida.
4. A dignidade do ser
humano tem de ser sempre a prioridade. E não se esqueça que nenhuma
organização subsiste sem o esforço e a dedicação de quem trabalha. Também
aqui, o princípio da empatia – a defesa dos outros – tem de ser aplicado.
5. Só que, além dos
salários, há outros elementos a não negligenciar. A produtividade aumenta também
com o reconhecimento, a satisfação, o estímulo, o bem-estar.
6. Neste sentido, a
liderança não há-de ser exercida apenas no gabinete. A liderança tem de estar
junto de quem trabalha. Importa procurar saber como está a saúde de cada
colaborador e quais as suas necessidades mais prementes.
7. É fundamental
oferecer condições que favoreçam a interacção entre todos, evitando tensões e
eliminando – cerce – possíveis conflitos. Quando alguém não está feliz na vida
profissional, o rendimento é – inevitavelmente – menor. Como alerta Tiago
Franco (da «Engaging Consulting»), «a felicidade está directamente ligada à
produtividade». O acréscimo pode chegar aos 50%. A receita não é uniforme.
Por isso, tem de ser ajustada a cada pessoa.
8. Fundamental é
conquistar a confiança. Pequenos gestos podem alcançar grandes resultados.
Exemplo? Receber os funcionários quando chegam, cumprimentando-os; ligar não
só para agendar serviços, mas também para perguntar como está a decorrer o dia.
9. Toca muito
igualmente celebrar os aniversários dos trabalhadores e até conceder dispensa
para que eles possam conviver com a família nas datas mais significativas.
Outros incentivos podem passar pela oferta de seguros de saúde e prémios de
produtividade. Decisivo é não implementar relações dialécticas e de confronto.
10. Mesmo que nem
sempre haja acordo, o líder deve ser visto como membro da equipa, com quem
todos podem contar. É que, se ele aparece apenas como quem manda, o medo de
falhar dispara. E quem perde são todos. Nada, pois, como promover a felicidade
para reforçar a produtividade!”.
(João António
Pinheiro Teixeira, in Diário do Minho, 10-10.2023).
Carmen Garcia
“As ruas e as praças de Lisboa não pertencem apenas aos sindicatos e não são propriedade da extrema-esquerda. Até os Católicos se podem manifestar, porque há separação entre a Igreja e o Estado.”
Cristina Robalo Cordeiro
Maria Susana Mexia
Alberto João Jardim
João Gonçalves, In Jornal de Notícias, 27/03/2023